Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos

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Matisse, A dança

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Interdependência, Aceitação e Reciprocidade

A Interdependência, entendida como «condição natural da vida social [e] atributo de valor que deveria orientar as interacções entre pessoas e grupos» (Del Prette, 2007:217) é um dos traços essenciais do ser humano que, só se realiza plenamente na interacção com outros, num sistema de relações que lhe possibilita a descoberta da sua singularidade e a actuação de criação conjunta de si e dos sistemas em que se encontra incluído. O mesmo será dizer que se nenhum homem se faz sozinho, também nenhum sistema humano, entendido como um todo, pode prescindir do contributo dos diferentes indivíduos que o compõem.


A Interdependência produz mudanças geradoras de maior bem estar no indivíduo e na sociedade se se objectiva em atitudes de aceitação, reciprocidade e solidariedade, gerando angústia e disrupção se se concretiza em atitudes de rejeição que poderão despoletar actos de violência.
A aceitação manifesta-se no reconhecimento do valor do outro e no respeito pela diferença, implica olhar e ouvir, dar atenção, compreender o ponto de vista do outro, praticar a empatia. A reciprocidade na aceitação constitui um verdadeiro ideal ético para as relações humanas: aceito o outro e o outro aceita-me, comunicamos e crescemos em conjunto, mantemos as nossas singularidades e pontos de vista, mas dialogamos e mudamos em conjunto.

A incapacidade de aceitar o outro manifesta-se em atitudes de rejeição, de não reconhecimento do ponto de vista do outro, podendo conduzir à marginalização.

A predisposição para atitudes de aceitação ou rejeição encontra raízes no padrão de vinculação vivenciado na infância, no contexto familiar. Crianças que desenvolveram uma vinculação segura, são mais autónomas, manifestam uma boa auto-estima e, tendencialmente, manifestam propensão para a aceitação do outro. Sentindo-se seguras para a exploração dos ambientes que as circundam, tornam-se mais receptivas a novos pontos de vista, não temem a diferença, desenvolvendo-se como indivíduos mais flexíveis, com maior capacidade de adaptação à mudança, manifestando uma maior resiliência.



No entanto, mesmo quando a infância é marcada pela falta de uma vinculação segura, o sistema de vinculação pode ser activado, quando o adolescente ou o adulto encontram na sua trajectória possibilidade de estabelecer relações de apoio emocional. É nestes casoso que se evidencia o papel importante que o professor pode ter na alteração de trajectórias de vida desfavoráveis.


Bibliografia:

Costa, M. Emília e MATOS, Paula M. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.


Isabel Gouveia ( Em 27 de Março de 2010)

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