Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos

Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos
Matisse, A dança

quinta-feira, 10 de junho de 2010

RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA - ALGUNS PROBLEMAS INICIAIS:

Já Aristóteles na sua obra A Política assinalava que o homem, como animal político, só no seio da comunidade podia realizar plenamente a sua humanidade. De facto, ser homem é sempre, «ser com outros homens», viver em sociedade, aprendendo costumes, regras, hábitos ou saberes mais teóricos e, em simultãneo, questionar, indagar, intervir e modificar todo esse capital cultural de que somos feitos, mudando-nos a nós mesmos e a esse meio humano em interacção com o qual, não somos, mas vamos sendo.

Nesse conjunto humano que a todos nos forma no inevitável processo de socialização duas instituições surgem como fundamentais na actualidade: a família e a escola.

No início deste percurso numa unidade curricular intitulada «Relações interpessoais: agentes, intencionalidades e contextos educativos» inúmeras questões poderiam ter sido colocadas como ponto de partida. Atendendo à minha experiência profissional há algumas que assumem particular relevância:

1 - Na qualidade de professora como poderei modificar o relacionamento interpessoal com os alunos de modo a fomentar comportamentos promotores do sucesso escolar e do equilíbrio pessoal?

2 - No relacionamento com as famílias como modificar as crenças dos pais quando estes não encaram a escola como uma condição para o sucesso e a qualidade de vida dos seus filhos?

Na verdade, esta última questão é um dos problemas que mais me tem preocupado nos últimos anos. Muitas vezes, são os próprios pais, pouco escolarizados, que encaram com naturalidade o abandono dos estudos por parte dos filhos. Não formulam expectativas mais elevadas e os jovens, vendo legitimada na família a sua atitude de desinteresse pela escola, facilmente resolvem qualquer situação de dissonância cognitiva resultante das crenças divergentes transmitidas pelos professores, a favor daquilo que traz benefícios imediatos: trocam a escola por um emprego, mesmo que precário, ou pela ilusão do mesmo, iludidos com esta pretensa passagem para o mundo dos adultos e com a promessa de uma autonomia que, sem a formação adequada, dificilmente alcançarão.

Existirá um meio de, mediante uma intervenção intencional no âmbito das relações e interacções mudar este tipo de situação e promover uma valorização da escola e da formação que esta ministra de modo a garantir uma formação de qualidade e uma autonomia efectiva dos indivíduos?

Isabel Gouveia (Em 9 de Março de 2010)

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