Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos

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Matisse, A dança

domingo, 18 de julho de 2010

O CONFLITO ESTRUTURAL E O CONFLITO NA ESCOLA

Segundo Costa & Matos «Entende-se por conflito estrutural a distribuição desigual de poder e riqueza dentro das e entre as sociedades» ( 2007:96). Na verdade, se a distribuição desigual de riqueza nas sociedades sempre existiu, ela assume hoje proporções alarmantes que não podemos ignorar.
Não nos encontramos em Portugal no estado de miséria em que se encontram alguns países do mundo. Na verdade, de um modo geral, os cidadãos portugueses fazem parte daquela pequena parcela de cidadãos do mundo privilegiados que até comem todos os dias. No entanto, tal não significa que não existam situações de precariedade, desemprego e pobreza que afectam cada vez mais as famílias portuguesas e, consequentemente, os jovens que as integram. Estes problemas são transportados para as escolas e agravados no actual contexto em que vivemos, pelo discurso mediático sobre uma crise económica que se arrasta e limita as esperanças.
Contextos familiares marcados pela pobreza, pelo desemprego e pela baixa escolaridade dos pais aliados ao discurso mediático sobre a crise, contrastam com os constantes apelos ao consumo. Dentro deste quadro, a escola, o saber e o esforço da aprendizagem aparecem aos olhos dos jovens destituídos de valor e de sentido.
Como despertar o interesse pelos problemas abstractos da matemática ou da filosofia num jovem de 15 anos com os pais desempregados? Como fazer compreender a importância do esforço e do trabalho a um outro cuja mãe precisa de ter dois empregos para sustentar a família e, no entanto, nunca consegue graças ao esforço ultrapassar padrões mínimos de subsistência? Entretanto, nestes contextos, espreitam os percursos da marginalidade e da delinquência onde, sem passar pelo esforço do estudo, se conseguem facilmente os bens de consumo que os mass media apresentam como valores absolutos.
O conflito estrutural alimenta assim verdadeiros conflitos de valores no seio das escolas, geradores de conflitos de relação e comunicação que só com o esforço, não só dos professores, mas de toda a sociedade, poderão ser resolvidos de forma positiva.
Isabel Gouveia

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