Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos

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Matisse, A dança

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Uma reflexão: contextos educativos e antecipação de respostas

No contexto educativo, mais especificamente na relação pedagógica estabelecida em sala de aula, a capacidade de anteciparmos alguns comportamentos dos alunos revela-se um auxiliar precioso para podermos preparar as respostas mais adequadas e propiciadoras de um ambiente empático, favorável à boa comunicação e ao trabalho.

No entanto,tendo em conta as duas componentes do self - "Eu" , "Mim" - nunca poderemos considerar uma antecipação como infalível, já que o comportamento-resposta resultará sempre de uma análise das expectativas sociais ( constituintes do "mim" enquanto componente do self), feita pelo "eu", livre e indeterminado.

- No entanto, se partirmos do pressuposto, decorrente de uma visão sistémica, de que «um fenómeno permanece inexplicável enquanto o âmbito de observação não for suficientemente amplo para incluir o contexto em que o fenómeno ocorre» ( Watzlawick et al., 2001:18) teremos que concluir que, quanto mais aprofundado é o conhecimento dos contextos, das variáveis implicadas e da função que assumem mediante a interpretação dos sujeitos, maior será a nossa capacidade de previsão sobre as respostas possíveis que um determinado self poderá elaborar em face de certa expectativa.

No que se refere aos contextos de aprendizagem emergem daqui duas conclusões:

- A necessidade de aprofundarmos conhecimento sobre os contextos em que os nossos alunos interagem - tarefa difícil com os escassos meios no que se refere ao tempo disponível e ao número de alunos que cada professor tem (a partir do segundo ciclo em diante).

- A necessidade de reflectir sobre as nossos próprios comportamentos e procurar entender "como funcionamos" em determinados contextos e que respostas usualmente são desencadeadas pelo nosso comportamento, tentando identificar os nossos próprios pontos fortes e fracos a nível comunicacional e os melhores meios de que dispomos para conseguir manter em sala de aula o correcto equilíbrio entre interacção complementar e interacção simétrica.

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Watzlawick, P. e tal (2001) Pragmática da comunicação humana, Cultrix, S. Paulo

http://www.espach.salford.ac.uk/sssi/resources/weinstein.pdf

Isabel Gouveia ( em 15 de Abril de 2010)

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