Relações Interpessoais - Agentes, Intencionalidades e Contextos Educativos

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Matisse, A dança

quinta-feira, 1 de julho de 2010

TUTORIAS E DESENVOLVIMENTO


O conceito de desenvolvimento tal como é apresentado por Vygotsky, inserindo-se numa tradição cognitivista afasta-se, no entanto, quer da visão piagetiana do desenvolvimento, quer da perspectiva apresentada pela teoria do processamento de informação. Enquanto estas centram a investigação acerca do desenvolvimento no comportamento individual, Vygotskyi assume como pressuposto que «não podemos entender o desenvolvimento sem considerar os aspectos sociais da aprendizagem» (F ELDMAN, 2001:429) O modo como as crianças entendem o mundo é fortemente influenciado pelas interacções com a família, com outras crianças e outros membros da cultura. Essa visão do mundo é mediada por instrumentos simbólicos partilhados pela comunidade e apreendidos nessa interacção. Estes factores – visão do mundo, linguagem partilhada – definem uma determinada Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, definem um nível potencial de desenvolvimento equivalente a tarefas novas que a criança consegue, embora não completamente, resolver por si própria.
Deste modo, existe desenvolvimento cognitivo quando a criança é confrontada com uma tarefa que encerra alguma dificuldade mas apresenta alguma possibilidade de actividade, de tal modo que a criança possa mobilizar competências já adquiridas para inventar uma solução parcial para o problema oferecido pelo ambiente. Se a tarefa é demasiado fácil, é pouco estimulante e não propicia o desenvolvimento, se demasiado difícil, encontra-se fora da zona de desenvolvimento proximal e, portanto, também não ocorre aprendizagem ou desenvolvimento.
É neste âmbito que a prática das tutorias em contexto escolar ganha pertinência. O professor tutor, acompanhando de forma mais individualizada o aluno e estabelecendo contactos regulares com a família, terá mais condições para definir a Zona de Desenvolvimento Proximal deste, já que poderá alcançar sobre o mesmo uma visão sistémica, composta dos vários sistemas de relações em que o aluno emerge como objecto a desenvolver. Na posse desta visão mais ampla, poderá dar preciosas indicações aos professores das diferentes disciplinas acerca das tarefas que se afiguram mais adequadas. Por outro lado, no seu papel de mediador entre escola e família, poderá orientar as inevitáveis influências recíprocas de modo a propiciar um «andaimamento» (scaffoldind) orientado para objectivos comuns, isto é, poderá conseguir que pais e professores unam esforços para fornecer o apoio mais adequado ao desenvolvimento.

Isabel Gouveia Silva ( em 3 de Maio de 2010)
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Feldman, R.S.(2001) , Compreender a Psicologia, Lisboa: McGraw-Hill,
Costa, M. & Matos, P.(2007). Abordagem Sistémica do Conflito. Lisboa. Universidade Aberta
http://lchc.ucsd.edu/MCA/Paper/Engestrom/expanding/ch3.htm)

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